O município de Angatuba situa-se a sudoeste do Estado de São Paulo, na região de Sorocaba e mesorregião de Itapetininga, a 23°29'26" de latitude sul e 48°24'53" de longitude. O trópico de Capricórnio corta o município ao meio, passando cerca de dez quilômetros ao norte da cidade de Angatuba. Limita-se a oeste com o município de Paranapaema; a noroeste com Itatinga; ao norte com Bofete; a nordeste com Guareí; ao sudeste com Itapetininga; e ao sul com a campina de Monte Alegre. Geograficamente Angatuba, insere-se onde a serra de Botucatú forma um enorme arco entre os dois tributários do Paraná. "Esta foi como a muralha do sertão".
O clima do município é o tropical de altitude. O município possui rede hidrográfica considerável, apresentando rios de grande vazão como o Paranapanema; de média vazão como Itapetininga e o Guareí; de pequeno porte como o Santo Inácio e o Jacú; além de inúmeros ribeirões, entre eles o córrego Catanduva que atravessa a sede do município. Divide-se territorialmente, em cinquenta e dois bairros rurais e um distrito, o de Bom Retiro da Esperança. Segundo o IBGE, o Censo agropecuário de 1996, apresentou área total de 1.031,10 km², com uma população total de 17.789 habitantes, tendo a área urbana de 14,96 km² e uma população de 12.043 habitantes, a área rural com 1.016,14 km², apresenta uma população de 5.836 habitantes. A área rural é bastante extensa, com predominância de pequenas e médias propriedades agrícolas. As grandes propriedades detêm 50% da área do município, enquanto 250 pequenas e médias propriedades ficam com o restante da área rural. A economia do município é essencialmente agropecuária. As lavouras de café, introduzidas desde a fundação do município, em 1885, e fator de seu progresso, foram sendo gradativamente substituídas pelo algodão nas primeiras décadas do século XX. Este por sua vez cedeu lugar à pecuária de corte e leiteira, assim como ao cultivo de citrus. No final da década de 1940, aí de instalou a indústria de laticínio Polenghi Ltda, e na década seguinte, o laticínio Russano Ltda. Na década de 1970 foi introduzido o cultivo de frutas de clima temperado, tais como maçã, nectarina e pêssego. Na região periférica do município de Angatuba, ao norte, instalaram-se a partir de 1970, grandes propriedades agrícolas, destinadas ao reflorestamento (eucaliptos e pinus), o que motivou a instalação da indústria de papel e celulose - Igaras Papeis e Embalagens S/A que recentemente foi adquirida pelo Grupo Klabin. As principais vias de acesso ao município são a Rodovia Raposo Tavares (SP-270) e a FEPASA (apenas por tráfego de cargas provenientes do Sul) - Estação de Angatuba. A sede municipal dista 210 Km da capital São Paulo e 105 Km de Sorocaba. O município de Angatuba, como parte integrante da Região Administrativa de Sorocaba, da mesorregião de Itapetininga, adquire importância não apenas geograficamente, mas sobre tudo como espaço social onde apresenta sua constituição, seu desenvolvimento histórico, suas condições atuais, suas possibilidades futuras, e suas relações com outras regiões, sem perder a identidade regional. A cidade nasceu oficialmente em 1862 quando foi elevada a Capela. Sua fundação real, entretanto, remonta no final do século XVIII com as terras do embrionário Bairro do Ribeirão Grande, pertencentes ao município de Itapetininga. Assim denominada Capela do Ribeirão Grande do Palmital, foi elevada à freguesia pela Lei Provincial de 11 de março de 1872, com a denominação de Freguesia do Espírito Santo da Boa Vista. Foi criado o município do mesmo nome pela Lei Provincial de n°27, datada de 10 de março de 1885. Este foi elevado à categoria de cidade pela Lei Estadual de n° 1038, de 19 de dezembro de 1906. O município do Espirito Santo da Boa Vista e, consequentemente o distrito do mesmo nome, passaram a se chamar Angatuba, pela Lei Estadual n°1150, de dezembro de 1908. Angatuba, acoplamento do substantivo tupiguarani Angá com o advérbio tupi Tuba. Angá quer em tupi, quer em guarani, significa alma, espírito. Tuba sufixo tupi, indica reunião, quantidade, abundância. Angatuba, literalmente falando, nada mais é que "reunião de almas" ou "assembleia dos espíritos" ou melhor ainda por ser mais poético "mansão das almas". Estão ligados à fundação de Angatuba os senhores: Tenente Coronel José Marcos de Albuquerque, Tenente Coronel Thomáz Dias Baptista Prestes, Tenente Coronel Salvador Ferreira de Albuquerque, Alferes José Antônio Vieira, Salvador Rodrigues dos Santos, Theodoro José Rodrigues, Mathias e Domiciano Ramos Nogueira, Coronel Ludovico Antônio Homem de Góis, Tenente Coronel Jesuíno Leite de Meira, Coronel Benedito Leite de Meira, Major Manoel Pereira de Morais, Capitão Joaquim Monteiro de Carvalho, Capitão José Soares Hungria, Coronel Joaquim Polycarpo Ferreira, Tenente Coronel Manoel Preste de Albuquerque, e outros. O município está assentado sobre o terreno de várias sesmarias registradas no ano de 1850; Sesmaria da família João Aranha, que fundou o patrimônio de São Roque (atual município de Campina do Monte Alegre); Sesmaria do Bom Retiro que pertenceu a família Leite de Meira, Fernandes Ruivo; Sesmaria de Aterradinho que pertenceu à família do Tenente Coronel Fortunato de Camargo, o qual adquiriu estas terras do Brigadeiro Raphael Tobias de Aguiar...e outras que, por sua vez, originaram as fazendas. Três grandes categorias sociais podiam ser divisadas no final do século XIX: a primeira, dos proprietários de fazendas de café, algodão, cana-de-açúcar, gado vacum, cavalar muar, lanígero e cereais; a segunda dos sitiantes, posseiros, agregados e certos trabalhadores livres na vila e a terceira dos escravos. Nesse mesmo período o envolvimento da Freguesia do Espírito Santo da Boa Vista com a expansão da cafeicultura conduziu a em acentuado processo de urbanização. Isso também marcou a chegada dos primeiros imigrantes italianos, a partir de 1876, somados posteriormente aos imigrantes alemães, espanhóis, portugueses, sírio-libaneses, lituanos...que se integraram à sociedade luso-brasileira local e protagonizaram com esta a construção de uma grande descendência das famílias na Comunidade de Angatuba, compartilhando de forma concreta, com uma história que a todos nós pertence. "O impulso de prezervar o passado é parte do impulso de preservar o eu. Sem saber onde estivemos, é difícil saber para onde estamos indo..." Maria Ap. Morais Lisboa Historiadora - Pesquisadora - CMU - UNICAMP |